quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O que o Brasil pode aprender com a Indonésia?

 O que o Brasil pode aprender com a Indonésia?
No início do ano a Indonésia proibiu a exportação de matérias-primas sem valor agregado. Em apenas uma assinatura o governo proibiu a venda de bauxita, níquel laterítico, e de outros minérios. Até os concentrados de cobre, mais nobres, mas com pouco valor adicionado,  entraram na lista de produtos a serem supertaxados.

Foi um Deus nos acuda.

As mineradoras pararam, os chineses gritaram e o mundo todo voltou o foco para ver os desdobramentos desta estratégia.

A forma abrupta como o Governo implantou o plano quase levou a Indonésia à falência. Parecia que a economia do país iria implodir e que o plano iria se tornar em um imenso desastre econômico. Mas, apesar dos prejuízos bilionários o Governo da Indonésia se manteve firme e, aos poucos, as mineradoras, os importadores e as siderúrgicas, forçados pelos prejuízos,  e sem ter a quem recorrer, aceitaram negociar.

Ao contrário do que nós imaginamos a Indonésia estava no controle

Como parte das negociações e das liberações das exportações as mineradoras foram obrigadas a investir pesadamente em novas plantas metalúrgicas onde o minério, que antes era exportado em bruto, passa a ter um elevado aumento de valor, resultado da transformação metalúrgica. Foi assim para o cobre, níquel, alumínio, estanho  etc...

Os motivos da rápida negociação são fáceis de entender:

Em julho as siderúrgicas chinesas importaram somente 3,1 milhões de toneladas de bauxita: uma monstruosa queda de 52,3%. A principal causa é a dificuldade que os chineses estão tendo de importar bauxita de outros países produtores, um minério barato que só dá lucro aos importadores que irão ganhar em toda a vasta cadeia do alumínio.

No mesmo período de 2013 somente a Indonésia havia exportado 4 milhões de toneladas de bauxita para a China.

Desde então os chineses tentam suprir as necessidades com minérios da Malásia e Austrália, mas não estão conseguindo equilibrar a equação.

Restou, portanto, capitular e investir na Indonésia como era a estratégia do país.

A decisão do governo obrigou os chineses a montar novas plantas de alumina e alumínio na Indonésia o que vai aumentar exponencialmente os investimentos, impostos e número de empregos, afetando a indústria e a economia local.

Assim como no alumínio várias plantas metalúrgicas estão sendo construídas em solo indonésio em um investimento bilionário que está mudando a economia do país.

Um passo gigantesco no processo de transformação. A Indonésia está deixando de ser um mero exportador de matéria prima como o Brasil ainda é para se tornar exportador de produtos nobres e industrializados.

Os resultados que a Indonésia começa a colher são extraordinários.

É uma pena que o país não negociou, previamente, com as mineradoras, uma transição inteligente evitando os megaprejuízos que essas e o próprio país tiveram.

A Indonésia é um dos primeiros países exportadores de matéria-prima a quebrar os grilhões do subdesenvolvimento mineral, coisa que até a Austrália, um país de elevado IDH ainda não conseguiu fazer.

Os australianos começam, agora, a se ressentir do fato de terem apostado no modelo extrativista-importador sem desenvolver a metalurgia e as indústrias.

O exemplo da Indonésia é, no nosso entender, um exemplo a ser seguido.

O Brasil não pode continuar a exportar quase meio bilhão de toneladas de minério de ferro, sem nenhum valor agregado, deixando aos países importadores, toda àquela gigantesca fatia dos lucros derivados da industrialização e da verticalização.

Não podemos, de forma nenhuma, nos gabar de ser um megaexportador de matéria prima.

Pelo contrário, isso deveria ser considerado um crime lesa-pátria, que as nossas gerações futuras ainda irão se ressentir.

Temos que aplicar, aqui, o exemplo que a Indonésia deu.

Esse exemplo, se bem gerenciado, pode ser adotado no Brasil e dará frutos em pouquíssimo tempo, terminando com o nosso estigma de exportadores de matéria-prima de terceiro mundo.

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