domingo, 28 de setembro de 2014

Um País por construir

Um País por construir
Nesse período de eleições, como tem sido nas décadas recentes, o que se reclama, acusa, e critica é a precária infraestrutura desse País continental, onde as estradas pavimentadas estão esburacadas, exceto aquelas sob gestão de concessionárias privadas que, para tanto, precisam cobrar pedágio. A escassez de água na Região Metropolitana de São Paulo é resultado da carência de novas fontes quando a população cresceu 10 milhões de habitantes, a universalização de esgoto tratado está muito longe de ser alcançada.
 
Lavra de calcário na mina Corgão, da Caltins
 
A habitação social começa a diminuir o déficit de moradias - o programa Minha Casa Minha Vida entregou 1,4 milhão de unidades residenciais de 2009 até o final do ano passado, mas precisaria manter este ritmo nos próximo anos.

O fornecimento de energia - até recentemente autossuficiente - teve seu mercado desequilibrado por uma redução das contas de luz em 2012, decretada por conta das eleições municipais, e que foi em seguida inteiramente consumida por aumentos substanciais de tarifa provados pela operação das termelétricas. Novas hidrelétricas na Amazônia precisam ser erguidas, além de fontes alternativas como biomassa e geração eólica.

Nas cidades brasileiras, temos hospitais públicos superlotados, escolas de lata onde faltam professores, delegacias entupidas de presos, corredores viários quase sempre congestionados por conta de uma política insana de se estimular a compra de automóveis sem a contrapartida de investimentos em transporte público.

Independente de como os governantes nas sucessivas gestões recentes, nos três níveis de governo, poderiam ter reduzido essas carências, a verdade chocante e irrefutável é que existe uma infraestrutura precária que precisa ser reabilitada e ampliada de forma substancial. E isso se faz com obras de pequeno a grande porte em todos os setores e regiões do País.

Para tanto, é preciso dispor de agregados, cimento, blocos, aço para as armaduras das estruturas brutas, fora a fase de acabamento que demanda argamassa, gesso, tintas, e uma infinidade de materiais - todos eles produzidos pela mineração de não metálicos, explotando depósitos espalhados por todo o território brasileiro.

O Estado de São Paulo produziu 67,48 milhões t de brita em 2012, praticamente 10% das 665 milhões t de agregados produzidos no País. A título de comparação, o minério de ferro somou 400 milhões t, mais 59 milhões t de pelotas neste ano. Estima-se que em 2016 a produção brasileira de agregados chegue à 849 milhões t, enquanto que a de minério de ferro terá atingido 820 milhões t.

As fábricas de cimento no País produziram 68,78 milhões t de produto em 2012 (dado preliminar do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento). São 81 fábricas de cimento, pertencentes a 15 grupos industriais nacionais e globais, com capacidade instalada de 78 milhões t/ano.

Esses números mostram as verdadeiras dimensões da mineração de agregados e da indústria do cimento no País - muitas vezes esquecidas porque a atenção da economia e do próprio setor está voltada quase sempre para o minério de ferro, que bateu recentemente o recorde de baixa ao atingir US$ 85,24 /t, ao lado do ouro cuja preço estagnou teimosamente em US$ 1270 a onça há muitos meses.

Sem desmerecer a importância crucial da mineração de ferro e de ouro no País, desde os tempos coloniais, precisamos atentar para as demandas inadiáveis da população em prol de obras de infraestrutura - que exigem uma produção sempre crescente de agregados para construção, cimento e aço. As prefeituras municipais precisam mudar a sua postura ambígua com relação às pedreiras e produtores de areia, porque o custo de transporte já é um dos componentes de maior peso desses materiais. E a burocracia legal e ambiental precisa ser agilizada, pois ainda se leva cerca de um ano inteiro para colocar um depósito de areia em produção, com as licenças apropriadas.

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