quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Garimpo Bom Futuro

Garimpo Bom Futuro

Abaixo colocarei fotos que tirei quase 1 ano atrás no Garimpo Bom Futuro, em Ariquemes. O lugar é imenso… se fosse uma área circular teria uns 12 Km de diâmetro, segundo medição minha no Google Earth. Dá prá vê-lo na foto de satélite que coloquei no início da série “Viver em Rondônia”. Ela já foi considerada a maior mina a céu aberto do mundo, e há alguns meses vieram uns americanos fazer um filme lá.
O garimpo Bom Futuro bombou uns 20 anos atrás. Devia ser uma espécie de Serra-pelada, sei lá. Todos que falam sobre ele têm a mesma frase na ponta da língua: “morreu muita gente lá” ou “tem muita gente no fundo desses lagos”.
Hoje há umas poucas empresas explorando, e também pessoas,  chamadas requeiros, que fazem exploração manual no material que as máquinas grandes perdem. Os lagos, já muito antigos, são lindos. Eu tenho vontade de nadar neles.
Abaixo a primeira visão que tive do garimpo:
É tudo muito grande. Quando estive aí nós precisamos de ajuda prá achar o caminho de volta. E olha que o meu motorista é conhecedor da região há muitos anos.
Essa foto eu acho linda, mas ela me remete ao deserto, e não à Amazônia:
Na foto abaixo tem um carrinho – um Fiat 147, talvez – no barranco. Usem-no para estimar o tamanho do lago.
Acima, dois caminhões trabalhando.
Abaixo, uma amostra de que já houve floresta aqui.
O Historiador e escritor Francisco Matias, autor do livro Formação histórica e econômica do Estado de Rondônia: do Século XVI ao Século XXI, que eu adoro ler, nos ensina que houve 2 ciclos de cassiterita no Estado.
O primeiro, iniciado em 1958 com o processo em larga escala de exploração manual da cassiterita, alterou a base econômica, migratória e política do então Território Federal.
Diz o professor Francisco Matias em seu livro:
“No final dos anos 1960, a primeira fase do Ciclo da Cassiterita continuava em expansão, apesar de ser explorada manualmente, com técnicas rudimentares, por garimpeiros ou pequenas empresas mineradoras. […] O regime militar dava inequívocas demonstrações de que pretendia controlar a extração de cassiterita em Rondônia. Desse modo, uma nova política passou a ser executada e alterou completamente o sistema de exploração e comercialização desse minério, a partir da proibição da garimpagem manual. Neste novo contexto, o governo do regime militar, de acordo com o Código de Mineração, de 1967, privilegiou empresas mineradoras de médio e grande portes que se instalaram em terras rondonienses e passaram a operar com modernas técnicas de lavra mecanizada. O caminho desse novo ciclo econômico, a rodovia BR 029 (hoje BR 364), estava pronto para integrar o Território ao centro-sul do país e viabilizar o escoamento da economia estanífera.”
No início da década de 1970 Rondônia era o sétimo maior produtor de cassiterita do mundo, a despeito desse minério ser explorado via garimpagem manual.
Assim que, em 15 de abril de 1970, o governo federal criou a Província Estanífera de Rondônia, inaugurando o Segundo Ciclo da Cassiterita, que durou de 1970 a 1990, segundo a fonte consultada, do Historiador Francisco Matias. Qual será a produção atual e a colocação do Estado nos rankings nacional e internacional?
Fácil pensar nas tensões sociais que a alteração da prática manual para mecanizada provocou na região. Diz o Prof. Matias que houve confrontos entre garimpeiros e governo, com desdobramentos de ampla repercussão nacional e internacional.
Uma curiosidade é que com o modelo mecanizado a produção caiu. Por que terá isso acontecido?
Na segunda metade da década de 80 o papel da Agricultura na economia rondoniense já era bem expressivo, mas o ciclo da cassiterita ainda tinha influência sobre a economia e política regionais.
“Em 1987 foi aberta a mina de Bom Futuro, no sistema de cooperativas, reativando a garimpagem manual de cassiterita, após muitos conflitos entre garimpeiros e a empresa mineradora que possuía os direitos de lavra. Considerada a maior mina a céu aberto do mundo […]. Sua descoberta foi ocasional, feita por garimpeiros, depois de a própria empresa mineradora haver realizado estudos na área, cujos resultados demonstraram ser contraproducente operar com sistema mecanizado, por haver se exaurido o filão.”

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