quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Usiminas: se bancos japoneses não renegociarem títulos, siderúrgica pode ir à falência

Usiminas: se bancos japoneses não renegociarem títulos, siderúrgica pode ir à falência

                                                                                                                                                                              


                        
Luz vermelha acesa na Usiminas. A companhia aguarda decisão dos bancos japoneses, liderados pelo Japan Bank for Internacional Coorperation (Jbic), sobre renegociação dos títulos internacionais que vencem em 2018. Se as instituições não aceitarem as condições propostas pela siderúrgica, ela pode ir à falência. 
Em entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, o presidente do grupo ítalo-argentino Ternium/Techint, Paolo Bassetti, afirmou que a Nippon pressiona os bancos para tornar o processo mais moroso. Ternium/Techint e Nippon são sócias controladoras da Usiminas e travam, na Justiça,
Os japoneses são categóricos em afirmar que não interferem na negociação da companhia com os bancos internacionais. O diretor da Nippon, Kazuhiro Egawa, concorda, no entanto, que uma negativa dos bancos japoneses é capaz de ruir o patrimônio da siderúrgica. 
Os títulos internacionais, também conhecidos como bonds, representam cerca de 8% da dívida da companhia. No ano passado, o restante do passivo, R$ 6,3 bilhões, foi renegociado mediante algumas condicionantes. A redução de R$ 1 bilhão do caixa da Mineração Usiminas (Musa) para fortalecimento do caixa da siderúrgica era uma das condições. A outra, e última fase do processo, era a renegociação dos bonds, que vencem em janeiro do ano que vem.
Inicialmente, a Usiminas firmou compromisso de pagar 50% do valor dos títulos em janeiro de 2018 e de renegociar os 50% restantes por meio de Oferta de Permuta, conforme nota da empresa. “Como divulgado em Fato Relevante no dia 23/06, a operação de oferta de troca das notas foi suspensa em virtude do entendimento da Usiminas de que sua realização não é vantajosa nas atuais condições de mercado”, diz o texto.

Segundo uma fonte ligada às negociações, como o caixa da siderúrgica está mais robusto, a ideia era quitar parte dos títulos antecipadamente. “No ano passado, a Usiminas contratou um banco especializado para conversar com os detentores dos títulos, que estão espalhados pelo mundo. Ficou claro que fazer uma negociação para rolar a dívida sairia caro, devido à situação econômica e política do país. Além disso, estamos falando de uma dívida em dólar”, afirma a fonte. 
Os bancos brasileiros aceitaram quase que de imediato mudar os termos iniciais. Os japoneses, porém, pediram mais tempo para se posicionar. Eles têm até 31 de agosto para tomar a decisão. E é aí que está o problema. 
Se os bancos estrangeiros não aceitarem a proposta de pagamento antecipado dos bonds, o acordo de renegociação da dívida total da companhia vai por água abaixo e será necessário quitar o débito de imediato. Como a companhia não tem caixa, a negativa seria uma pá de cal nos planos de recuperaçãouma batalha pelo comando da empresa. 

Fonte: Hoje em dia

Ibovespa fecha praticamente estável, mas sobe 7,5% em agosto e 13% em três meses

Ibovespa fecha praticamente estável, mas sobe 7,5% em agosto e 13% em três meses

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice acionário da B3 encerrou quase estável nesta quinta-feira, uma vez que o cenário externo favorável se contrapôs à cautela com a política local, mas fechou o terceiro mês seguido de ganhos.
O Ibovespa cedeu 0,07 por cento, a 70.835 pontos. Em agosto, a alta foi de 7,46 por cento, maior avanço mensal desde outubro passado, quando o ganho foi de 11,2 por cento. Nos últimos três meses, alta acumulada foi de 12,95 por cento.
O giro financeiro da sessão somou 12,15 bilhões de reais, acima da média diária para o mês, de 8,6 bilhões de reais.
Os ganhos no mês vieram na esteira de uma cenário externo favorável e um quadro político local também mais positivo.
“Com alguma dificuldade, mas as coisas estão saindo. Então, essa expectativa de que as medidas continuem saindo, ainda que meio desidratadas, e com economia lentamente voltando para os eixos... isso ajuda os mercados aqui”, disse o economista-chefe da corretora Modalmais, Alvaro Bandeira.
Na sessão, a alta de commodities como minério de ferro e petróleo e dados mostrando inesperada aceleração da atividade industrial na China motivaram otimismo.
No entanto, o cenário doméstico teve sinais mistos diante de um avanço lento de medidas econômicas no Congresso. A Câmara concluiu a votação da TLP na véspera, sem alterações no texto. O texto precisa de aval do Senado até 7 de setembro, quando a medida provisória perde a validade.
No caso das novas metas fiscais para este ano e o próximo, o Congresso aprovou o texto-base, mas a votação dos destaques ficou para a próxima semana.
DESTAQUES - PETROBRAS PN avançou 1,49 por cento e PETROBRAS ON ganhou 0,65 por cento, acompanhando os preços do petróleo no mercado global e após a alta de 4,2 por cento no preço da gasolina da empresa nas refinarias. - VALE ON subiu 2,15 por cento, em linha com os contratos futuros do minério de ferro na China.
- USIMINAS PNA avançou 5,03 por cento e CSN ON ganhou 1,64 por cento, também na esteira dos ganhos dos futuros do minério de ferro e do aço na China. GERDAU PN ganhou 0,25 por cento.
- JBS ON caiu 2,47 por cento, refletindo cautela antes da assembleia de acionistas, na sexta-feira, na qual o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai defender a retirada do presidente-executivo da companhia, Wesley Batista, embora o conselho de administração tenha se manifestado no início da semana contra o pedido. Nesta sessão, o BNDES recorreu à Justiça para tentar impedir que os controlares da JBS votem na assembleia.
- ELETROBRAS ON perdeu 4,81 por cento e ELETROBRAS PNB recuou 5,91 por cento, em movimento de ajuste após fortes altas recentes na esteira do anúncio de planos para privatização da estatal de energia.
- ESTÁCIO PARTICIPAÇÕES ON caiu 1,79 por cento, após resultado da assembleia geral extraordinária, na qual foi rejeitado o mecanismo que encarece a tomada de controle da empresa. No mês até a véspera, a ação acumulava alta de quase 29 por cento.

Fonte:   Reuters

MME determina paralisação de procedimentos sobre direitos minerários na região da Renca

MME determina paralisação de procedimentos sobre direitos minerários na região da Renca

(Reuters) - Um dia depois de a Justiça do Distrito Federal conceder liminar suspendendo os efeitos de quaisquer atos administrativos a serem editados pelo governo com o objetivo de extinguir a Reserva Nacional do Cobre (Renca), o ministro de Minas e Energia determinou a “paralisação de todos os procedimentos relativos a eventuais direitos minerários na área”.
Em nota, o ministro Fernando Coelho Filho disse que tomou a decisão após consultar o presidente Michel Temer e que busca agora um diálogo com a sociedade.
“A partir de agora, o ministério dará início a um amplo debate com a sociedade sobre as alternativas para a proteção da região. Inclusive propondo medidas de curto prazo que coíbam atividades ilegais em curso”, afirma Coelho Filho na nota.
Segundo o ministro, no prazo de 120 dias serão apresentadas as conclusões “desse amplo debate e eventuais medidas de promoção do seu desenvolvimento sustentável”.
A extinção da Renca por decreto despertou forte reação de ambientalistas e já fez o governo editar novo decreto numa tentativa de reverter o mal-estar inicial, explicitando a proibição da exploração mineral nas áreas de unidades de conservação, reservas ambientais estaduais e indígenas dentro da antiga Renca.
Por Alexandre Caverni

Fonte:  Redação Reuters

Asteroide gigante passará perto da Terra nesta sexta-feira   

Asteroide gigante passará perto da Terra nesta sexta-feira   
Asteroid impact on Earth: Apesar de passar 'perto' da Terra em comparação a outros corpos celestes espalhados pelo cosmos, o asteroide não oferecerá nenhum risco de colisão com o nosso planeta© iStock Apesar de passar 'perto' da Terra em comparação a outros corpos celestes espalhados pelo cosmos, o asteroide não oferecerá nenhum risco de colisão com o nosso planeta O maior asteroide a se aproximar da Terra em mais de um século passará a uma distância de sete milhões de quilômetros do nosso planeta nesta sexta-feira, afirma a Nasa. A distância é considerada próxima, em termos cósmicos, mas não o suficiente para oferecer qualquer risco. Este asteroide, que possui um diâmetro de 4,4 quilômetros e é conhecido pelo apelido Florence, foi descoberto em março de 1981.
“É o maior objeto celeste a passar tão perto do nosso planeta desde a descoberta do primeiro asteroide nas proximidades da Terra, há mais de um século”, afirmou a agência espacial americana, em comunicado. “Embora muitos asteroides conhecidos tenham cruzado a Terra a uma distância mais curta do que fará Florence na sexta-feira, todos eram menores”, disse Paul Chodas, responsável do Centro para o Estudo de Objetos Próximos à Terra, que pertence à Nasa.
Florence só voltará a se aproximar da Terra em outubro de 2024 e, mesmo assim, não passará tão perto de nosso planeta pelos próximos quinhentos anos, afirmou a agência espacial. Os cientistas aproveitarão esta passagem para estudar mais detalhes do corpo celeste, usando telescópios localizados na Califórnia e em Porto Rico.
“As imagens resultantes devem permitir determinar as dimensões exatas do asteroide e também revelar os detalhes de sua superfície com uma precisão de 10 metros”, estimou a Nasa.

Colisão

As colisões entre grandes asteroides e a Terra não são eventos comuns. “A cada 2.000 anos, aproximadamente, um meteorito do tamanho de um campo de futebol atinge o planeta, devastando a área de impacto e os arredores”, afirmou a agência espacial americana.
Objetos celestes capazes de aniquilar a civilização humana, como o que provocou o fim dos dinossauros há cerca de 66 milhões de anos, são ainda mais raros. Estes ameaçam a Terra uma vez a cada alguns milhões de anos, acrescentou a Nasa, que chegou a calcular em 0,01% a probabilidade de um asteroide grande e potencialmente perigoso nos atingir nos próximos cem anos. Mesmo a queda do meteoro que provocou importantes danos e deixou 1.000 feridos em Chelyabinsk, na Rússia, em fevereiro de 2013, foi um evento incomum. A rocha tinha um diâmetro de 15 a 17 metros e uma massa entre 7.000 e 10.000 toneladas. Ao atingir o solo, liberou uma energia que foi estimada em 30 vezes a potência da bomba de Hiroshima.
A Nasa afirma que ao menos um asteroide do tamanho de um carro atinge a atmosfera da Terra por ano, mas normalmente eles se desintegram antes de tocar o solo.

Fonte: UOL

Gilmar Mendes será relator de ação contra decreto que extinguiu reserva

Gilmar Mendes será relator de ação contra decreto que extinguiu reserva


O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi sorteado nesta quarta-feira, 30, para ser o relator de um mandado de segurança impetrado pelo PSOL contra decreto do presidente Michel Temer que extinguiu a Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), localizada nos Estados do Pará e do Amapá.
O PSOL alega que a extinção da reserva invade a competência legislativa do Congresso Nacional e tem um simbolismo muito grande, “porque demonstra de forma inequívoca que o governo federal está dando atenção à atividade econômica da mineração”. Em meio à polêmica sobre a reserva, o governo editou um novo decreto, que mantém a extinção da reserva, mas entre os poucos pontos alterados prevê a criação de um Comitê de Acompanhamento das Áreas Ambientais da Extinta Renca interministerial.
Contestado pelo PSOL, o novo decreto tem como objetivo regulamentar a exploração mineral “apenas na área onde não haja sobreposição com unidades de conservação, terras indígenas e faixa de fronteira”, de acordo com o governo. “Evidentemente que o decreto ‘sub judice’ é um plano malfeito, sem planejamento, estudos, metas, objetos, entre outras medidas necessárias, sequer visando o desenvolvimento regional, pois tem caráter entreguista e de desesperada sina de arrecadar recursos”, sustenta o PSOL.
O partido alega também que com a extinção da reserva, “há clara pressão e invasão sobre terras indígenas existentes naquela região para lavra de minério nessas terras indígenas, sem que o Congresso Nacional tenha dado tal autorização”. Segundo o PSOL, o novo decreto de Temer exclui a deliberação do Congresso Nacional sobre a aprovação de concessões de terras públicas destinadas às mineradoras. “Há, novamente, violação, clara e inequívoca, de direito do Impetrante (Deputado Federal) de deliberar sobre a concessão de terras da União”, argumenta o partido.
Para o PSOL, a administração pública até pode criar unidades de conservação por decreto, “mas não pode extingui-la por tal instrumento normativo, restando ao Congresso Nacional, por meio do processo legislativo e de participação democrática, discutir e avaliar a conveniência, utilidade e constitucionalidade da extinção ou redução dos limites de uma unidade de conservação”.
Fonte: Isto É Dinheiro

Futuros de minério de ferro e aço sobem na China com dados positivos sobre indústria

Futuros de minério de ferro e aço sobem na China com dados positivos sobre indústria


Os futuros do aço e do minério de ferro na China subiram nesta quinta-feira, com o vergalhão de aço caminhando para o quarto mês de ganhos, após dados mostrarem que o crescimento do setor industrial chinês acelerou em agosto, melhorando as perspectivas para a demanda. Os futuros do minério de ferro na bolsa de Dalian saltaram 3,9 por cento, para 573 iuanes por tonelada. A commodity teve ganhos de 5,7 por cento em agosto.
O contrato mais ativo do vergalhão de aço na bolsa de Xangai fechou em alta de 1,8 por cento, a 3.927 iuanes (596 dólares) por tonelada, após chegar a cair 1,9 por cento mais cedo na sessão. O aço fechou agosto com ganhos de quase 11 por cento. “Nós acreditamos que esse desenvolvimento positivo da economia da China é um impulso para a demanda por commodities que não deve ser mais subestimado”, disse a analista da Argonaut Securities, Helen Lau.
Fonte: Reuters

Cobre sobe com indicador positivo de manufatura da China

Cobre sobe com indicador positivo de manufatura da China


Os futuros de cobre operam em alta significativa nesta manhã, reagindo a dados melhores do que o esperado da atividade manufatureira da China, o maior consumidor mundial de metais básicos. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) oficial de manufatura da China subiu de 51,4 em julho para 51,7 em agosto, surpreendendo analistas, que previam leve baixa do indicador, a 51,3. Leituras acima de 50,0 indicam expansão de atividade.
Por volta das 7h10 (de Brasília), o cobre para três meses negociado na London Metal Exchange (LME) avançava 0,94%, a US$ 6.840,00 por tonelada, se aproximando dos maiores níveis em três anos. Na Comex, a divisão de metais da bolsa mercantil de Nova York (Nymex), o cobre para entrega em dezembro tinha alta de 1,20%, a US$ 3,1240 por libra-peso, às 7h26 (de Brasília).
Entre outros metais na LME, a valorização era quase generalizada: o zinco subia 1,39%, a US$ 3.129,00 por tonelada; o alumínio ganhava 1,05%, a US$ 2.115,00 por tonelada; o níquel aumentava 0,86%, a US$ 11.710,00 por tonelada; e o chumbo avançava 0,50%, a US$ 2.390,00 por tonelada. Única exceção, o pouco negociado estanho caía 0,17%, a US$ 20.620,00 por tonelada.
Fonte: Dow Jones Newswires


Mineração pode gerar até dois milhões de empregos em 2018, prevê relator de MP

Mineração pode gerar até dois milhões de empregos em 2018, prevê relator de MP


O deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), relator da MP 791/2017, acredita que o setor de mineração é o que vai gerar mais empregos no Brasil, podendo chegar a dois milhões de postos de trabalho em 2018. Ele fez a afirmação durante reunião da comissão mista que analisa a matéria, nesta quarta-feira (30), para aprovação do plano de trabalho e de seis audiência públicas. O parlamentar explicou que isso será possível com a aprovação das MPs 789/2017, 790/2017 e 791/2017”, que tratam da modernização da legislação, em vigor há mais de 40 anos.
A MP 791 acaba com o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPMA) e cria a Agência Nacional de Mineração, que vai regular todas as atividades e a política de mineração no país. A medida provisória tem que ser examinada pelo Senado até 28 de novembro, quando perde a vigência, segundo informou o senador Flecha Ribeiro (PMDB-PA), presidente da Comissão Mista.

Proposta tímida

As comissões mistas para exame das MPs 789/2017 e 790/2017 também se reuniram nesta quarta-feira para escolher seus respectivos presidentes e relatores. Para presidir a comissão mista da MP 789/2017, que altera as Leis 7.990/1989 e 8.001/1990 para dispor sobre a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem), o royalty cobrado das empresas que atuam no setor, foi escolhido o senador Paulo Rocha (PT-PA) e como relator o deputado Marcos Pestana (PSDB-MG). A próxima reunião para apreciar o plano de trabalho foi marcada para o dia 12.
A comissão mista criada para exame da Medida Provisória 790/2017, que altera a Lei 6.567/1978 e o Código de Mineração (Decreto-Lei 227/1967) em diversos pontos, escolheu como presidente a deputada Geovânia de Sá (PSDB-SC) e como relator o senador Flecha Ribeiro (PSDB-PA). A maioria das alterações é referente às normas para a pesquisa no setor, trata da execução dos trabalhos necessários à definição da jazida, a sua avaliação e à determinação do seu aproveitamento econômico. A MP disciplina as obrigações, concessões de trechos, multas e outras sanções, desonerações e regras para o relatório final da pesquisa.
Ao comentar a MP 790, o deputado Leonardo Quintão disse que a proposta do governo é muito tímida porque ela apenas modifica o código de mineração, que vem desde a década de 1960. Ele acredita que agora o país “terá a oportunidade de estar na vanguarda de uma legislação moderna que garanta os direitos do povo e venha inibir a especulação”. O parlamentar quer garantir mais direitos às cooperativas de garimpeiros, que hoje não conseguem concorrer com as grandes empresas do setor.

Estados e municípios

De acordo com a MP 789/2017, as alíquotas da Cfem terão variação entre 0,2% e 4%. O ferro terá alíquota entre 2% e 4%, dependendo do preço na cotação internacional. Os minérios restantes terão as seguintes alíquotas: 0,2% para aqueles extraídos sob o regime de lavra garimpeira; 1,5% para rochas, areias, cascalhos, saibros e demais substâncias minerais para uso imediato na construção civil; 2% para aqueles cuja alíquota será definida com base na cotação internacional do produto; e 3% para bauxita, manganês, diamante, nióbio, potássio e sal-gema. O deputado Zé Carlos (PT-MA) defendeu que 10% dos recursos arrecadados pelo Cfem sejam destinados a estados e muncípios “impactados pela mineração”.
As alíquotas passarão a incidir sobre a receita bruta, e não mais sobre a receita líquida. No caso de venda, a Cfem incidirá na receita bruta, deduzidos os tributos incidentes sobre a comercialização. No caso de consumo, sobre a receita calculada, considerado o preço corrente do minério, de seu similar no mercado ou o preço de referência definido pela Agência Nacional de Mineração. Nas exportações para países com tributação favorecida, recairá sobre a receita calculada. Em leilões públicos, sobre o valor de arrematação. E no caso de extração sob o regime de permissão de lavra garimpeira, será sobre o valor da primeira aquisição do minério.
As medidas provisórias serão analisadas, separadamente, em comissões mistas de deputados e senadores. Depois, passarão por votações nos Plenários da Câmara dos Deputados e do Senado.
Fonte: Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Bill Gates doa US$ 4,6 bi e perde título de mais rico do mundo da "Forbes"

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O americano Bill Gates, 61, perdeu o título de pessoa mais rica do mundo, segundo a revista "Forbes", depois que ele fez a maior doação em mais de uma década para sua fundação filantrópica. O fundador da Microsoft foi ultrapassado pelo espanhol Amancio Ortega. O criador da Zara contava com um patrimônio de US$ 85 bilhões nesta quarta-feira (30), US$ 100 milhões mais do que Gates, de acordo com a revista. Não é a primeira vez que o Ortega ultrapassa o americano (o mesmo aconteceu brevemente em 2015 e no ano passado). A novidade desta vez é que não foi a valorização do seu patrimônio o principal motivo para a ascensão mas sim doações de Gates. Segundo documento divulgado na segunda-feira (28), ele doou em junho 64 milhões de ações da Microsoft à Fundação Bill e Melinda Gates. Na ocasião, os papéis eram avaliados em US$ 4,6 bilhões. Essa foi, de acordo com a agência Bloomberg, a maior doação de Gates para a filantropia desde 2001, quando repassou para a sua fundação o equivalente a US$ 5,1 bilhões. Dois anos antes, ele havia doado US$ 15 bilhões. Desde 1994, o casal Gates já doou cerca de US$ 35 bilhões em ações e dinheiro. O mais recente aporte para a sua fundação explica por que o americano deixou o topo do ranking da "Forbes". As ações da Microsoft subiram 16% neste ano, ante 12% da Inditex (dona da Zara). A valorização do euro em relação ao dólar também ajudou para o aumento da fortuna de Ortega. Não foi a primeira vez neste ano que Gates deixou a liderança da "Forbes". No mês passado, Jeff Bezos, criador e presidente da Amazon, chegou a liderar por algumas horas a lista, mas viu sua fortuna recuar após a queda das ações da varejista on-line, resultado de vendas decepcionantes no segundo trimestre. Bezos atualmente é o terceiro colocado para a revista americana, com uma fortuna de US$ 82,5 bilhões. O brasileiro mais bem colocado é Jorge Paulo Lemann (26º no mundo), com US$ 30,5 bilhões.
Fonte: Folhapress

Vale informa sobre resgate de bonds com vencimento em 2019 e oferta de aquisição de bonds com vencimento em 2020

Vale informa sobre resgate de bonds com vencimento em 2019 e oferta de aquisição de bonds com vencimento em 2020


Rio de Janeiro, Brasil – 28 de agosto 2017 – A Vale S.A. (“Vale”) informa que, nesta data, sua subsidiária integral Vale Overseas Limited (“Vale Overseas”) (i) exerceu seu direito de resgatar a totalidade em circulação, no valor total de principal de US$1.000.000.000,00, de seus bonds garantidos pela Vale com cupom de 5,625% ao ano e vencimento em 2019 (CUSIP No. 91911TAJ2) (“Bonds 2019”) e (ii) iniciou uma oferta de aquisição (“Oferta de Aquisição”) no montante principal de até US$750.000.000,00 de seus bonds em circulação garantidos pela Vale com cupom de 4,625% e vencimento em 2020 (CUSIP N. 91911TAL7) (“Bonds 2020”).
A Vale Overseas notificou, na presente data, os detentores dos Bonds 2019 de sua intenção de resgatar a totalidade dos Bonds 2019 em circulação e de realizar o pagamento do montante do prêmio calculado nos termos da escritura de emissão dos Bonds 2019. O resgate dos Bonds 2019 será realizado no dia 28 de setembro de 2017. Este comunicado ao mercado não deverá ser considerado como uma notificação de resgate dos Bonds 2019.
A Oferta de Aquisição dos Bonds 2020 é realizada nos termos e sujeita às condições estabelecidas no memorando da oferta de aquisição datada de 28 de Agosto de 2017 (“Memorando da Oferta de Aquisição”). O Memorando da Oferta de Aquisição não está condicionado à oferta de um valor mínimo de principal dos Bonds 2020, mas a Vale Overseas comprará um valor máximo total de principal de $750.000.000,00 dos Bonds 2020 ofertados (“Valor Máximo da Oferta“).
A Oferta de Aquisição expirará às 23:59, horário de Nova Iorque, do dia 27 de setembro de 2017, exceto se previamente encerrada ou prorrogada pela Vale Overseas (tal horário e data e eventual prorrogação, se for o caso, “Data de Encerramento”). Detentores dos Bonds 2020 que forem validamente ofertados e cuja oferta não tenha sido validamente retirada até às 17:00, horário de Nova Iorque, do dia 13 de setembro de 2017, exceto se prorrogada (tal horário e data e eventual prorrogação, se for o caso, “Data de Encerramento Antecipada”) farão jus ao recebimento do valor total de US$1.067,50 por US$1.000,00 de valor principal dos Bonds 2020 ofertados (“Pagamento Total”), o qual inclui um prêmio por oferta antecipada no montante de US$30,00 por US$1.000,00 de valor principal dos Bonds 2020 validamente ofertados. Detentores dos Bonds 2020 que validamente ofertarem seus títulos após a Data de Encerramento Antecipada, mas previamente à Data de Encerramento, farão jus ao recebimento do valor de US$1.037,50 por US$1.000,00 de valor principal dos Bonds 2020 ofertados (“Pagamento da Oferta”). A oferta dos Bonds 2020 poderá ser retirada a qualquer tempo até às 17:00, horário de Nova Iorque, do dia 13 de setembro de 2017, exceto em caso de prorrogação, mas não após tal prazo. Além do Pagamento Total e do Pagamento da Oferta, conforme aplicável, detentores de Bonds 2020 validamente ofertados e aceitos para aquisição no âmbito da Oferta de Aquisição receberão juros devidos e não pagos desde a data do último pagamento, inclusive, até, mas não incluindo, a data da liquidação da Oferta de Aquisição.
A Vale Overseas tem o direito de, mas não está obrigada a, a qualquer momento após a Data de Encerramento Antecipada e antes da Data de Encerramento, aceitar a aquisição de quaisquer Bonds 2020 validamente ofertados, cuja oferta não tenha sido posteriormente retirada, na ou até a Data de Encerramento Antecipada (“Direito de Liquidação Antecipada”). A data de liquidação dos Bonds 2020 adquiridos mediante exercício do Direito de Liquidação Antecipada será determinada a critério da Vale Overseas e está prevista para ocorrer no dia 18 de setembro de 2017, sujeita a todas as condições do Memorando da Oferta de Aquisição terem sido verificadas ou dispensadas pela Vale Overseas. Todos os Bonds 2020 ofertados e aceitos para aquisição que não tiverem sido liquidados na Data de Liquidação Antecipada, se houver, serão liquidados prontamente após da Data de Encerramento. Em qualquer caso, o montante principal dos Bonds 2020 aceitos para aquisição poderá estar sujeito à divisão pro-rata levando em consideração o Valor Máximo da Oferta, conforme descrito no Memorando da Oferta de Aquisição, não sendo a aceitação da aquisição de títulos validamente ofertados e cuja oferta não tenha sido retirada uma garantia da aquisição.
Este anúncio é para fins informativos somente e não se trata de uma oferta de aquisição nem de uma solicitação de uma oferta para venda de quaisquer títulos. A Oferta Aquisição está sendo realizada somente pelo, e de acordo com os termos do, Memorando da Oferta de Aquisição. A Oferta de Aquisição não está sendo realizada em qualquer jurisdição na qual a realização ou aprovação não seria em conformidade com os títulos, com blue sky ou com outras leis de tal jurisdição. Em qualquer jurisdição onde as leis exigem que a Oferta de Aquisição seja realizada por um corretor ou distribuidor licenciado, a Oferta de Aquisição será realizada por distribuidores representando a Vale Overseas. Nem a Vale, a Vale Overseas, o agente da oferta e de informação, os distribuidores ou o trustee relativos aos Bonds 2020, nem quaisquer afiliados deles, fazem qualquer recomendação se os detentores de títulos deverão oferecer ou se abster de oferecer em parte ou integralmente seus Bonds 2020 em resposta à Oferta de Aquisição. Nem a Vale, Vale Overseas, o agente da oferta e de informação, os distribuidores ou o trustee relativos aos Bonds 2020, nem quaisquer afiliados deles, autorizaram qualquer pessoa para dar qualquer informação ou fazer qualquer representação relativo à Oferta de Aquisição que não sejam as informações ou representações contidas no Memorando da Oferta de Aquisição.
A Vale contratou o Citigroup Global Markets Inc., Credit Agricole Securities (USA) Inc., RBC Capital Markets, LLC e Scotia Capital (USA) Inc., para servirem como dealer managers (distribuidores) e Global Bondholders Services Corporation para servir como agente da Oferta de Aquisição e de informação para a Oferta de Aquisição.
O Memorando da Oferta de aquisição e quaisquer suplementos relacionados estão disponíveis no website da Global Bondholders Services Corporation (http://www.gbsc-usa.com/Vale/). Detalhes a respeito da Oferta de Aquisição, incluindo instruções completas sore como ofertar os Bonds 2020 estão incluídos no Memorando da Oferta de Aquisição. Detentores dos Bonds 2020 são fortemente encorajados a cuidadosamente ler o Memorando da Oferta de Aquisição, incluindo os materiais a que faz referência, uma vez que tais documentos contêm informações relevantes.
Solicitações de cópias do Memorando da Oferta de Aquisição e quaisquer suplementos relacionados deverão ser direcionados à Global Bondholders Services Corporation pelo telefone +1(212) 430-3774 ou +1(866) 470-3900 (ligação gratuita nos EUA) ou por escrito através do e-mail contact@gbsc-usa.com.
Questões sobre a Oferta de Aquisição deverão ser direcionadas diretamente ao Citigroup Global Markets Inc. pelos telefones +1 (212) 723-6106 ou +1 (800) 558-3745 (ligação gratuita nos EUA), Credit Agricole Securities (USA) Inc. pelos telefones +1(212) 261-7802 ou +1(866) 807-6030 (ligação gratuita nos EUA), RBC Capital Markets, LLC pelos telefones +1(212) 618-7822 ou +1(877) 381-2099 (ligação gratuita nos EUA), ou Scotia Capital (USA) Inc. pelos telefones +1(212) 225-5559 ou +1(800) 372-3930 (ligação gratuita nos EUA).
O resgate e a Oferta de Aquisição são consistentes com a nossa estratégia de geração de valor ao acionista, fortalecimento do balanço e redução do endividamento.
Fonte: Vale

Após fim de reserva, grupo amplia lobby por mineração em áreas indígenas

Após fim de reserva, grupo amplia lobby por mineração em áreas indígenas


Encorajado por ações recentes do governo federal que reduziram áreas protegidas na Amazônia, um grupo de deputados estaduais da região intensificou o lobby em Brasília para permitir a mineração em terras indígenas. O movimento – que tem como grande articulador um deputado do PT e é apoiado por um prefeito indígena do Amazonas – é criticado por organizações que representam povos da região e temem os impactos da atividade.
A BBC Brasil acompanhou uma reunião na quinta-feira na sede da Funai (Fundação Nacional do Índio) entre o presidente do órgão, Franklimberg Ribeiro de Freitas, e uma delegação com 11 membros do Parlamento Amazônico, entidade que agrupa legisladores dos nove Estados da Amazônia Legal. Marcado para tratar de questões ligadas a indígenas na Amazônia, o evento não contou com a presença de nenhum indígena e teve como principal tema a defesa da mineração nos territórios desses povos.
O encontro ocorreu um dia após o presidente Michel Temer extinguir por decreto a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), na divisa entre o Pará e o Amapá – decisão que abre o caminho para o avanço da mineração numa área de mata fechada e vizinha a duas terras indígenas. Após reações negativas, Temer publicou na segunda-feira um novo decreto. O documento manteve a extinção da Renca, mas deixou mais clara a proibição da mineração nas terras indígenas e unidades de conservação que se sobrepõem à reserva, exceto se a atividade estiver prevista no plano de manejo da unidade.
Principal articulador do movimento pró-mineração em terras indígenas, o deputado estadual Sinésio Campos, do PT do Amazonas, disse à BBC Brasil que o novo decreto não altera os planos do grupo e que seguirá tentando convencer o Congresso a regulamentar o tema. Campos afirma que Temer cometeu uma “trapalhada” ao extinguir a Renca sem explicar o gesto e ao apresentar um novo decreto após as reações negativas. Segundo ele, as críticas teriam sido menores se o governo tivesse dialogado antes de anunciar a decisão.
Também presente à reunião na Funai, o deputado estadual Naldo da Loteria, do PSB de Roraima, disse à BBC Brasil que a extinção da Renca animou o movimento pró-mineração, embora o encontro tenha sido agendado antes do decreto original. Para ele, a decisão sinaliza “que o governo está preocupado em destravar a burocracia que tanto atrapalha o desenvolvimento da Amazônia”.
Segundo o deputado, outras ações do governo Temer – como a redução da Floresta Nacional do Jamanxim (PA) e a edição de uma Medida Provisória que facilita a regularização de terras (apelidada por ambientalistas de “MP da grilagem”) – estimularam o agendamento do encontro com o presidente da Funai. ”Sentimos que o momento é favorável e viemos reforçar nossa posição. Já que o governo não tem popularidade, que entre na história por modernizar o país”, ele diz.
Na reunião, Naldo disse que Roraima – onde áreas indígenas são 46,2% do território – foi “inviabilizada economicamente” por demarcações e que a regulamentação da mineração reduziria os conflitos causados por garimpos ilegais. “Hoje só não existe garimpo em terra indígena que não tem ouro”, afirmou.

Mendigos ricos

Segundo a Constituição de 1988, a mineração em terras indígenas só poderá ocorrer se for regulamentada por lei específica, o que jamais ocorreu. Mesmo assim, vários desses territórios convivem há décadas com o garimpo ilegal – atividade associada a conflitos, à poluição dos rios e à disseminação de doenças.
Hoje só é permitido em terras indígenas o garimpo artesanal, sem uso de máquinas nem produtos poluentes. ”Enquanto não puderem explorar as riquezas de suas terras, os índios serão mendigos ricos”, afirmou na reunião Sinésio Campos, do PT. Na presidência da Funai desde maio, o general Franklimberg Ribeiro de Freitas disse aos deputados que a regulamentação da atividade era do interesse de vários povos indígenas. Ele afirmou que “99,9%” dos indígenas do Alto Rio Negro (AM) e dos povos Suruí e Cinta Larga das Terras Indígenas Sete de Setembro e Aripuanã (ambas na divisa entre Rondônia e Mato Grosso) “querem a regularização pelo Congresso Nacional da exploração dos recursos minerais”.
  • Mas ele disse que o atendimento do pleito não dependia da Funai, e sim do Congresso, e que a mineração não seria uma alternativa para todas as comunidades indígenas do país. “É preciso considerar a vocação econômica de cada território”, disse Franklimberg, destacando grupos que têm explorado atividades como o turismo, a criação de peixes e a coleta de castanha.
Única na reunião a destoar do coro pró-mineração, a deputada Cristina Almeida, do PSB do Amapá, se disse preocupada com o impacto da extinção da Reserva Nacional de Cobre e Associados nas terras indígenas Waiãpi e Rio Paru d’Este. Segundo ela, o decreto de Temer pode provocar uma “explosão no desmatamento e acarretar aumento de conflitos”. Franklimberg respondeu que não haveria exploração de minérios nas duas áreas indígenas, justamente porque a atividade ainda não está regulamentada.

Exemplo canadense

O deputado Sinésio Campos saiu satisfeito do encontro. Ele afirma que, em gestões anteriores, a Funai não aceitava nem discutir o tema, o que impedia o avanço das negociações. Agora, diz esperar que o órgão se empenhe no convencimento dos congressistas. “Hoje demos um grande passo.”
Proposto pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR) para regulamentar a mineração em terras indígenas, o Projeto de Lei 1.610 tramita no Congresso desde 1996. Em 2015, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criou uma comissão especial para discutir a matéria, cuja relatoria foi entregue ao deputado Édio Lopes (PMDB-RR), aliado de Jucá. Mas as discussões avançaram pouco.
Um assessor de Lopes disse à BBC Brasil que o deputado tenta convencer a Presidência da Câmara a recriar a comissão para que os trabalhos continuem, já que alguns membros do grupo deixaram a Casa e precisam ser substituídos. Sinésio Campos diz que o momento é oportuno para retomar as tratativas. Em março, ele foi convidado pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Filho (PSB), para acompanhá-lo em visita a uma das maiores convenções mundiais sobre mineração, no Canadá. Para Campos, a legislação canadense pode ser um modelo para o Brasil.
“Índios canadenses usam o dinheiro da mineração para financiar universidades e outras melhorias para eles mesmos. Não queremos uma mineração predatória, só queremos condições mais dignas para as comunidades”, afirmou. O deputado diz que, se a mineração em terras indígenas for regulamentada no Brasil, comunidades que não queiram a atividade poderão vetá-la.

Prefeito indígena

Entre os apoiadores da regulamentação está um afilhado político de Campos em São Gabriel da Cachoeira, município do Amazonas com 30 mil habitantes e onde 76,6% da população é indígena. Um dos poucos prefeitos indígenas do país e membro do povo tariana, Clóvis Curubão (PT) se elegeu prometendo lutar pela causa. Em maio, ele disse à BBC Brasil que ONGs eram responsáveis por bloquear a regulamentação do tema.
“Elas [ONGs] só pensam em fazer conferência, mas nosso povo não vive só de palavra: queremos educação, saúde, transporte, uma vida melhor. O índio está no século 21: usa motor, usa tudo. Não dá para voltar ao passado.  O prefeito diz que, ao mesmo tempo em que modernizariam as comunidades, os lucros da mineração ajudariam a preservar a cultura local, pois haveria mais recursos para o ensino de línguas indígenas e a organização de festas tradicionais.
Hoje comerciante, Curubão trabalhou como garimpeiro e foi um dos fundadores de uma cooperativa indígena pró-mineração. Ele diz ter decidido concorrer a prefeito após ter seu pleito pró-regulamentação rejeitado por organizações indígenas e políticos de São Gabriel da Cachoeira. “Todo mundo tinha medo de falar em mineração, então fomos a Manaus pedir ajuda aos políticos de lá.” Sinésio Campos abriu as portas do PT amazonense a Curubão e ajudou a coordenar sua candidatura vitoriosa.

‘Equivocado e leviano’

Organizações indígenas brasileiras condenam a movimentação dos deputados pró-mineração. Coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia Guajajara diz à BBC Brasil que “o movimento indígena amazônico é absolutamente contra a mineração em territórios indígenas” e que os políticos que promovem a causa “só defendem interesses econômicos de poucos”. ”Desafiamos os deputados a fazer uma consulta aos povos, conforme prevê a Convenção 169 da OIT [Organização Internacional do Trabalho].
“ Em seu artigo sexto, a convenção da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais, incorporada à legislação brasileira em 2004, determina consultas aos povos indígenas “cada vez que sejam previstas medidas legislativas ou administrativas suscetíveis de afetá-los diretamente”.  Presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), composta por 89 associações de 23 etnias amazônicas, Marivelton Baré critica a afirmação do presidente da Funai de que 99,9% dos índios do Alto Rio Negro são favoráveis à regulamentação da mineração.
“É uma fala leviana e equivocada”, ele diz. Segundo Baré, grande parte das comunidades do Rio Negro quer discutir o tema, mas não necessariamente aprova a mineração em suas terras. Ele afirma, porém, que as discussões não podem se restringir aos centros urbanos, onde mais pessoas tendem a ser favoráveis à mineração, devendo incorporar também aldeias distantes.
“Não é que somos contra a mineração; somos contra políticos e empresários que vendem a mineração como uma solução para as omissões do Estado e falhas em políticas públicas”, ele diz. Membros dos dois povos citados pelo presidente da Funai como sendo amplamente favoráveis à mineração também contestaram sua declaração. Segundo Almir Suruí, líder na Terra Indígena Sete de Setembro, a comunidade está dividida “meio a meio” quanto à mineração. Suruí é contra a atividade e diz que sua regulamentação causaria danos ambientais ainda maiores que o garimpo ilegal.
Militante do movimento indígena em Rondônia, Diogo Cinta Larga estima que 20% de seu povo seja favorável à atividade. ”Só defende a regulamentação quem está ganhando algum dinheiro com garimpo hoje. A maioria da população nunca viu nenhum benefício e é contra”, afirma.
Fonte: BBC

Extração magnética

Extração magnética


Uma nova tecnologia para processamento de minérios, desenvolvida na Universidade de São Paulo (USP), poderá revolucionar a mineração, principalmente a extração do cobre. Chamada de nanohidrometalurgia magnética (NHM), é 100% brasileira e considerada “verde” porque o impacto ambiental é mínimo se comparado com outras práticas do setor. A técnica é realizada em meio aquoso, com uso de nanopartículas supermagnéticas em vez de solventes orgânicos, como o querosene, por exemplo, utilizado nos processos convencionais. Coordenado pelo químico Henrique Toma, professor do Instituto de Química da USP (IQ-USP), o artigo que reúne os trabalhos do grupo que levaram ao desenvolvimento da tecnologia foi publicado na revista Green Chemistry e rendeu um pedido de patente.
Desenvolvido por Ulisses Condomitti durante a elaboração da tese de doutorado realizada sob orientação de Toma e defendida no IQ-USP, o novo processo emprega a nanotecnologia para renovar e aperfeiçoar um procedimento já aplicado pela indústria mineradora, a hidrometalurgia. “Entre as vantagens da nanohidrometalurgia está a possibilidade de executar todas as etapas em um único procedimento sequencial, no mesmo reator operando em condições ambientais, dispensando o tradicional uso de extração com solventes orgânicos, tratamentos ácidos e etapas de concentração, além de diminuir a produção de rejeitos”, explica Toma. “As nanopartículas captadoras de metais são integralmente regeneradas após o procedimento, sem nenhum tratamento adicional.”
O novo processo desenvolvido na USP é uma alternativa para a hidrometalurgia convencional, que começa com a lixiviação, um procedimento para a separação dos minérios por meio de ácido ou, alternativamente, com bactérias, seguido do tratamento químico com agentes complexantes – que formam compostos – de metais. A diferença é que o agente químico complexante e o solvente usado para extração do metal são substituídos por nanopartículas superparamagnéticas controladas por campo magnético e produzidas com magnetita (óxido de ferro). Elas são misturadas em uma solução aquosa rica em sais de cobre. Após alguns minutos, os íons de cobre (Cu2+) dissolvidos se ligam às nanopartículas por meio do agente complexante presente em sua superfície, e elas são atraídas para a superfície de um eletrodo, também imerso, sob ação  de um ímã posicionado do lado externo. Dessa forma, as nanopartículas com os sais de cobre ficam concentradas sobre a superfície do eletrodo. Em seguida é aplicada energia elétrica sobre o eletrodo que causa a migração e a transferência de elétrons dos íons de cobre para o eletrodo, gerando o cobre metálico (Cu).
Depois de cerca de cinco minutos de aplicação de eletricidade, as nanopartículas liberam praticamente todo o metal que se encontrava ligado a elas. “A eletrodeposição proporciona um cobre com pureza de 99,9%”, diz Toma. “As nanopartículas, por sua vez, são liberadas para uso posterior.” Segundo Toma, o experimento realizado em laboratório mostrou-se vantajoso em relação ao processo tradicional de hidrometalurgia na economia de tempo. Com nanotecnologia, a obtenção de cobre metálico acontece em alguns minutos, enquanto no processo industrial atual leva sete dias.
Outra vantagem é que todo o processamento pode acontecer em um mesmo recipiente (ver infográfico). As partículas são atraídas para as placas metálicas dos eletrodos de cobre, e a eletrodeposição acontece de forma localizada. Não há necessidade de transporte até outro reator como ocorre na hidrometalurgia convencional. Isso significa redução de custo, simplificação de processo e maior racionalidade. “A nanohidrometalurgia magnética também gera menor quantidade de descartes”, diz Toma. “Existe ainda a possibilidade de automatização, usando reatores de menor dimensão.” De acordo com o pesquisador, a nova técnica também é aplicável a vários metais estratégicos, incluindo o processamento das terras-raras, um trabalho em desenvolvimento no IQ-USP. O próximo passo do grupo é transferir a tecnologia para alguma empresa. Ele conta que duas já demonstraram interesse, a 3M e a Caraíbas, a única mineradora no Brasil que produz cobre metálico, embora insuficiente para o mercado interno.
Toma lista outros argumentos para demonstrar a importância da nova nanotecnologia, a começar pela importância do cobre – o principal metal a ser beneficiado –, fundamental em setores como construção civil, indústria elétrica, máquinas, transporte e eletrônica. No caso específico do Brasil, embora o país seja rico em minerais, não o é em cobre. “O dono das maiores reservas mundiais desse elemento é o Chile, com 38% do total”, informa Toma. “O Brasil detém cerca de 1,5% e o país não possui minérios ricos nesse elemento. O que existe é de baixo teor, em torno de 4% a 5%, porém adequado para uso com a nova tecnologia.” No mundo, segundo o químico, a mineração de cobre – e mesmo de outros metais – apresenta alguns problemas atualmente. Entre eles, estão o esgotamento gradual dos minerais de alto teor e o aumento de impactos ambientais, causados tanto pela extração como pelo processamento.
Projeto
Química supramolecular e nanotecnologia (nº 2013/24725-4); Modalidade Projeto Temático; Pesquisador Responsável Henrique Toma (USP); InvestimentoR$ 940.870,28 (FAPESP).
Artigo científico
Fonte: Revista Pesquisa Fapesp

MPF no Amapá move ação contra decreto que extinguiu reserva

MPF no Amapá move ação contra decreto que extinguiu reserva


O Ministério Público Federal no Amapá (MPF-AP) protocolou nesta terça-feira, 29, na Justiça Federal uma ação para revogação do decreto presidencial que extinguiu a Reserva Nacional de Cobre e seus Associados (Renca). Na ação, o MPF-AP argumenta que o decreto “é uma afronta à Constituição e mantém o meio ambiente sob ameaça de ecocídio”. A ação sustenta que o novo texto, divulgado na segunda-feira, 28, após críticas de ambientalistas e artistas, “não apresenta real modificação do conteúdo do decreto revogado”.
Segundo o MPF-AP, embora a Renca não seja caracterizada como uma unidade de conservação ambiental, é possível classificá-la como espaço territorial especialmente protegido – e, assim, poderia ser alterada apenas por meio de lei específica, conforme a legislação. “O MPF-AP desconhece caso de efetivo sucesso que alie a atividade minerária à proteção da natureza, restando inegáveis prejuízos à população do entorno e ao meio ambiente”, disse, em nota.
Um grupo de parlamentares e associações ligadas ao meio ambiente realizará nesta quarta-feira, 30, no Congresso Nacional uma mobilização contra a extinção da Renca e outras iniciativas do governo consideradas nocivas ao meio ambiente. “A Renca é só a ponta do iceberg em meio ao ataque que o governo está promovendo, em vários flancos, ao sistema de proteção ambiental do País”, disse um dos organizadores, Mário Mantovani, da SOS Mata Atlântica.
Em nota, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) afirmou que “as críticas e os temores infundados” provocados pela notícia da extinção da Renca foram “motivados por mentiras e distorção”. A instituição disse que “autorizar mineração na Renca não é, absolutamente, sinônimo de destruição” e que a presença de atividade empresarial tem alto potencial para melhorar a preservação ambiental, pois há compensações socioambientais.
“A desinformação deu origem a notícias e análises com embasamento falso, ou fake news. Essas, por sua vez, motivaram parte da sociedade a criticar o ato do governo, sem que pudesse, antes, ter acesso a fontes confiáveis e detentoras de conhecimento técnico sobre mineração. A pressa em noticiar confundiu a opinião pública.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Isto É Dinheiro

Futuros do minério de ferro e do aço caem na China apesar de demanda firme

Futuros do minério de ferro e do aço caem na China apesar de demanda firme


Os futuros do minério de ferro na China caíram mais de 1 por cento nesta quarta-feira, acompanhando uma retração no aço, embora a demanda por aço no maior consumidor global seja ainda vista como firme, o que analistas esperam que possa limitar perdas adicionais. A queda em ambas as commodities vem após recentes ganhos no vergalhão de aço, que sustentaram quatro meses de alta, enquanto o minério de ferro subiu nos últimos três meses.
“Os preços subiram um pouco demais, então o sentimento (do mercado) está muito frágil”, disse a analista Helen Lau, da Argonaut Securities, em Hong Kong. O contrato mais ativo do minério de ferro na bolsa de Dalian caiu 1,2 por cento, para 556 iuanes por tonelada, após chegar a tocar 543 iuanes, menor nível desde 17 de agosto. No vergalhão de aço, o contrato mais ativo na bolsa de Xangai fechou em queda de 0,8 por cento, a 3.868 iuanes (587 dólares) por tonelada, acima da mínima do dia de 3.808 iuanes.
Fonte: Reuters

Ferrovia está na lista de acordos com chineses

Ferrovia está na lista de acordos com chineses


Entre os “bons acordos e bons investimentos” que o presidente Michel Temer espera trazer da China, está a consolidação do interesse dos asiáticos na Ferrovia de Integração Oeste-leste (Fiol). Está prevista a assinatura de um memorando de entendimento entre empresas chinesas e o governo da Bahia para tocar o empreendimento. O documento não é um compromisso de investimento, mas reflete o interesse das partes envolvidas no negócio.
Os chineses querem participar da construção da linha, que atravessa a Bahia, e do porto nas proximidades de Ilhéus (BA). Têm interesse também na exploração de minério de ferro na região de Caetité (BA), que será atendida pela ferrovia. A outorga para exploração mineral pertence à Bahia Mineração (Bamin), empresa de capital cazaque que detém a licença para construir um terminal marítimo em Ilhéus. O governo baiano pretende instalar um porto público na mesma região.
Com 1.527 km e parcialmente construída com recursos federais, a Fiol não figurava entre os projetos mais “vendáveis” do governo. Além de não ter porto, está longe das regiões produtoras de grãos. Porém, ganhou importância porque coincide em parte com uma prioridade dos chineses, a ferrovia Bioceânica.
A Bioceânica foi anunciada em 2015 pela presidente Dilma Rousseff após acordo com os chineses. É um projeto orçado em US$ 70 bilhões, com traçado cortando o Brasil e o Peru para ligar os oceanos Atlântico e Pacífico. O Brasil desenhou um plano B: construir, com os chineses, a parte brasileira da Bioceânica, com interesse na Ferrovia de Integração do Centro-oeste (Fico), projeto que atravessa o Mato Grosso. Segundo fontes do governo, os chineses aceitam, desde que esse projeto esteja acoplado à Fiol. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Isto É Dinheiro
 

Após quase 20 anos, Icomi deve retomar atividade de mineração em Serra do Navio

Após quase 20 anos, Icomi deve retomar atividade de mineração em Serra do Navio


Indústria e Comércio de Minérios S. A (Icomi). anunciou que está finalizando as ações de licenciamento para retomar as atividades de extração e comércio de manganês no Amapá. A empresa diz que está cumprindo os acordos judiciais estabelecidos em 2013 que vão permitir a volta dos trabalhos em minas de Serra do Navio, município distante 203 quilômetros de Macapá.
Na última semana, o empreendimento recebeu a Certidão de Anuência da prefeitura do município para atuar na mineração. A empresa diz ter garantida na Justiça a propriedade sobre atividade de exploração de manganês na cidade. Pelo menos 3,9 milhões de toneladas de minério estocadas na cidade serrana pertencem à Icomi, que atuou por quase 50 anos na região.
“Nós já recebemos do Ministério das Minas e Energia a Portaria Ministerial nº 480/2016, ratificando a Licença de Operações do Imap, a nossa L.O. datada do último dia 11 de agosto, culminando agora com a Anuência do município de Serra do Navio”, disse o diretor executivo da Icomi, Marcelo Velásquez, durante recebimento da certidão no município. Segundo a Icomi, houve liberação federal para trabalhar inicialmente no aproveitamento de rejeitos de manganês restantes da atuação anterior da mineradora na região entre 1953 e fim da década de 1990. A empresa aguarda o término do licenciamento para iniciar os trabalhos.
Em 1997, a empresa chegou a anunciar que iria parar com a exploração de manganês nas jazidas existentes no Amapá. O motivo era porque, na época, não existia mais viabilidade econômica e mercado para o teor de minérios existentes no município de Serra do Navio.
Após decidir voltar ao estado em 2013, a Icomi justificou que mudou de ideia porque “surgiram novas tecnologias, desde a lavra até o beneficiamento do minério, que atualmente voltou a ter um preço competitivo no mercado internacional”.
Fonte: G1

Por que Tóquio não interceptou o míssil norte-coreano?

Depois de o míssil balístico da Coreia do Norte atravessar o Japão na manhã desta terça-feira (29/08), Tóquio não poupou esforços para garantir à população que está tomando todas as providências para protegê-la. Na verdade, entretanto, os militares japoneses poderiam ter feito efetivamente muito pouco para neutralizar a mais recente provocação de Pyongyang.
plain© Reuters/I. Kato plain
Acredita-se que o projétil fosse um míssil Hwasong-12, de capacidade nuclear e alcance intermediário, disparado das cercanias de Pyongyang às 5h57 (hora local). Depois de sobrevoar o Mar do Japão, passou pelo norte do país a uma altitude estimada de 550 quilômetros, antes de aparentemente se separar em três partes e cair no Oceano Pacífico, cerca de 1.180 quilômetros a leste de Hokkaido.
O míssil foi detectado segundos após o lançamento, quase certamente por um dos quatro satélites de alerta prévio por infravermelho, operados pelos EUA em órbita geossíncrona acima do Equador. Então o sistema automático J-Alert do Japão emitiu avisos à população em todo o norte japonês, através de telefones celulares, rádio e televisão. As forças de autodefesa monitoraram a trajetória do míssil, mas sem tentar interceptar o foguete.
Interceptação improvável
O ministro japonês da Defesa, Itsunori Onodera, explicou que a decisão foi não tentar derrubar o míssil por ele não visar um alvo no Japão e, portanto, não haver perigo de que entrasse em território japonês. Onodera acrescentou que o projétil esteve sobre o país por menos de dois minutos.
O projétil foi aparentemente rastreado pelos três contratorpedeiros do sistema de combate Aegis, todos munidos de mísseis de intercepção Standard Missile-3, e constantemente estacionados no Mar do Japão. Um segundo nível de defesa imediata é fornecido pelos mísseis terrestres Patriot Advanced Capability-3, da Força Aérea de Autodefesa do Japão, estacionada na base aérea de Chitose, em Hokkaido.
"Ao sobrevoar o Japão, ele ia muito alto e se movia com velocidade extrema", diz Lance Gatling, analista de defesa e presidente da empresa de consultoria especializada em defesa aeroespacial Nexial Research, sediada em Tóquio.
"Ele estava aparentemente a uma altitude de 550 quilômetros ao passar por Hokkaido, que fica no limite máximo da faixa de intercepção do SM-3, e qualquer contratorpedeiro Aegis precisaria estar na posição certa para interceptar", explica Gatling. "Em suma, seria um tiro difícil de acertar, caso se tivesse seguido em frente e ordenado o disparo."
Lixo espacial e vexame
Uma tentativa de interceptação também traria riscos significativos, lembra Gatling. "O que o Japão teria alcançado se tivesse interceptado o míssil? Haveria bem mais lixo espacial na atmosfera, potencialmente ameaçando nossos foguetes ou missões de reabastecimento para a Estação Espacial Internacional, por exemplo."
A Coreia do Norte inevitavelmente ficaria irritada por tal manobra, já que não está claro se o Japão tem o direito legal de interferir com veículos de outra nação que estejam acima de seu espaço aéreo. "É certamente descortês disparar um míssil sobre outro país, mas não chega a ser ilegal", diz o especialista.
Provavelmente, o maior problema de uma tentativa de interceptar o míssil seria se as defesas do Japão fracassassem. "Se eles tivessem tentado derrubá-lo e falhassem, as consequências seriam sérias", deduz Gatling. "Esse sistema defensivo, com que o Japão gastou muito dinheiro, teria falhado em seu primeiro teste. Isso não pegaria bem domesticamente, e ainda encorajaria os norte-coreanos a pensarem que seus mísseis são intocáveis."
Stephen Nagy, professor de relações internacionais na International Christian University de Tóquio, concorda que a velocidade e a altitude do míssil norte-coreano dificultariam extremamente qualquer tentativa de derrubá-lo. "Claramente, teria sido difícil por causa do tempo necessário para reunir a informação, determinar o curso e o objetivo do míssil, e depois ter uma decisão do Conselho de Segurança Nacional sobre uma reação. Até que isso acontecesse, o míssil já teria caído."
Respostas futuras
A questão agora pode ser como o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, se prepara para lidar com o próximo míssil disparado pela Coreia do Norte. A probabilidade de que isso ocorra aumentou consideravelmente na quarta-feira, desde que a mídia estatal informou que Kim Jong-un desafiadoramente ordenou mais testes de mísseis no Oceano Pacífico.
"O governo japonês está considerando equipar as Forças Armadas para realizar ataques preventivos em território estrangeiro, caso seja identificada uma ameaça direta ao Japão. Embora seja necessário lembrar que qualquer ataque contra a Coreia do Norte provavelmente terá como resposta um ataque contra Seul", alerta Nagy. Segundo estimativas, um ataque de artilharia contra a capital sul-coreana poderia matar 1 milhão de pessoas em um minuto.
"Espero que o Japão colabore com os EUA, Coreia do Sul e, possivelmente, a China para aplicar mais pressão financeira sobre Pyongyang e cortar os suprimentos tecnológicos e de componentes de que eles precisam para fazer esses mísseis", torce o especialista em relações internacionais.

Fonte:  VEJA

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Mensagem de míssil da Coreia do Norte sobre Japão foi recebida em “alto e bom som”, diz Trump

Mensagem de míssil da Coreia do Norte sobre Japão foi recebida em “alto e bom som”, diz Trump



Presidente dos EUA, Donald Trump, durante entrevista coletiva na Casa Branca 28/08/2017Kevin Lamarque
WASHINGTON/SEUL (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou nesta terça-feira que todas as opções estão na mesa para os EUA responderem ao lançamento de um míssil balístico da Coreia do Norte ao mar sobre a ilha japonesa de Hokkaido em uma nova exibição de força.
O teste de míssil aumentou ainda mais as tensões no leste da Ásia, à medida que forças norte-americanas e sul-coreanas realizavam exercícios militares na península coreana, irritando Pyongyang, que enxerga jogos de guerra como uma preparação para invasão.
A Coreia do Norte realizou dezenas de testes de mísseis balísticos sob comando de seu líder, Kim Jong Un, em desafio às sanções da Organização das Nações Unidas, mas disparo de projéteis sobre solo japonês é raro.
Trump, que prometeu não deixar a Coreia do Norte desenvolver mísseis nucleares capazes de atingir solo norte-americano, disse que o mundo recebeu em “alto e bom som” a mensagem mais recente da Coreia do Norte.
“Ações ameaçadoras e desestabilizadoras só aumentam o isolamento do regime norte-coreano na região e entre todas as nações do mundo. Todas as opções estão na mesa”, disse Trump em comunicado.
Trump e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, conversaram e concordaram que a Coreia do Norte “apresenta uma grave e crescente ameaça direta” aos Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, informou a Casa Branca.
Investidores optaram por ativos seguros após o disparo do míssil.
O dólar caiu para seu mínimo em mais de 2 anos e meio contra uma série de grandes moedas, mas depois se recuperou, enquanto títulos de referência de 10 anos do Tesouro dos EUA caíram e o preço do ouro atingiu um ápice de mais de nove meses. Ações norte-americanas se recuperaram de uma abertura acentuadamente menor.

ALCANCE INTERMEDIÁRIO

Avaliações iniciais indicam que o míssil norte-coreano era um míssil balístico de alcance intermediário, informou o Pentágono em comunicado. Duas autoridades norte-americanas disseram aparentar ter sido um KN-17, ou Hwasong-12.
O líder norte-coreano Kim comandou o lançamento de seu míssil de alcance intermediário Hwasong-12 na segunda-feira, terça-feira no horário local, em um treino para conter os exercícios conjuntos de forças sul-coreanas e norte-americanas, relatou nesta terça-feira a agência de notícias oficial da Coreia do Norte, KCNA.
“O atual exercício de lançamento de foguete balístico como uma guerra real é o primeiro passo da operação militar do Exército Popular da Coreia no Pacífico e um prelúdio significativo para conter Guam”, disse Kim, segundo a KCNA.
O porta-voz do Pentágono, o coronel Robert Manning, disse que diplomacia ainda é a opção de preferência de Washington para Pyongyang.
A Coreia do Norte expressou desafio.
“Os EUA deveriam saber que não podem intimidar a RDPC com quaisquer sanções econômicas e ameaças militares e chantagens ou fazer a RDPC recuar do caminho escolhido por si mesma”, disse a autoridade da Coreia do Norte Rodong Sinmun, usando as iniciais do nome oficial do país, República Democrática Popular da Coreia.
A Coreia do Norte promete não abandonar seu programa de armas, dizendo ser necessário para conter hostilidade dos EUA e seus aliados.
Os EUA disseram antes que todas as opções, incluindo militares, estão na mesa, embora tenha preferência por uma solução diplomática.

Fonte:  Reuters Plus

3.360 diamantes, 1,5 quilos de ouro e pele de crocodilo: Mayweather e McGregor vão lutar pelo cinto mais caro de sempre

O 'Moneybelt' é, nas palavras do presidente da World Boxing Council (WBC), uma obra de arte num cinto.
Aí está o Moneybelt
Aí está o Moneybelt
Para um combate milionário, um cinto milionário. Quando no próximo sábado Conor McGregor e Floyd Mayweather se defrontarem, em Las Vegas, ambos vão também disputar um cinto que vale uma fortuna e que foi criado de propósito para a ocasião.
"3.360 diamantes, 600 safiras, 300 esmeraldas, 1,5 quilos de ouro maciço de 24 quilates, pele de crocodilo vinda de Itália. Este é o Moneybelt”, anunciou Mauricio Sulaiman, presidente da World Boxing Council (WBC), durante a apresentação do combate. "É uma glamorosa obra de arte num cinto", completou.
Fonte: IG

Após críticas, Temer altera decreto sobre mineração na Amazônia

Após críticas, Temer altera decreto sobre mineração na Amazônia


Na véspera de uma viagem para a china, o presidente Michel Temer reuniu todos os ministros no palácio do planalto e anunciou mudança no decreto muito criticado que liberou a exploração mineral numa reserva na Amazônia. Na reunião com ministros e líderes, Temer procurou saber em que pé andam as ações de governo. Uma teve que ser corrigida com a reunião em andamento: a extinção da Reserva Nacional do Cobre e Associados, a Renca, que vem provocando muita reação, até entre aliados.
Os ministros do Meio Ambiente e de Minas e Energia anunciaram um novo decreto que vai detalhar como será a exploração, com garantias das questões ambientais e indígenas. “Eu tenho certeza de que, com essas decisões, nós vamos ter muita responsabilidade na região e não vai acontecer um desmatamento desenfreado conforme era o nosso receio”, disse Sarney Filho. Ambientalistas disseram que o novo texto traz mais salvaguardas para as áreas protegidas, mas alertaram que o texto continua sem proteger a região dos efeitos indiretos da mineração como garimpo e desmatamento.
A reunião também tratou da pauta econômica, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, falou da recuperação da economia, e disse que há entusiasmo com os resultados. “Da austeridade fiscal, da confiança que a economia passou a ter com todos os projetos aprovados, teto dos gastos etc. e toda a série de reformas em andamento, que fez com que o controle fiscal, também, muito rígido de despesas correntes, discricionárias, fizeram uma maior confiança na economia e isso já foi um fator da maior importância”.
Mas o Planalto sabe da iminência de uma nova denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer. A primeira, que chegou ao Congresso em junho, levou o governo a focar na batalha por votos até conseguir barrá-la. Com o ajuste fiscal dependendo de votações no Congresso, mais um desgaste político envolvendo o presidente pode atrapalhar. Mas não é o que pensa o chefe da Casa Civil.
“Nós estaremos preparados para politicamente enfrentá-la no que diz respeito ao campo político, juridicamente enfrentá-la no campo jurídico e a economia está descolada, a prova disso é que, neste segundo trimestre, nós tivemos o maior, o melhor desempenho em relação ao primeiro trimestre”, afirmou Eliseu Padilha.
Com a viagem de Temer para a China, peças-chave da política serão mexidas. Ele só volta ao Brasil no dia 5 de setembro. Até lá, o comando do país será do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Caberia ao primeiro vice da Câmara, Fábio Ramalho, assumir a presidência da casa, mas ele vai viajar com Temer. Por isso, a presidência da Câmara será ocupada pelo segundo vice, o deputado André Luiz Carvalho Ribeiro, mais conhecido como Fufuca, apelido político do pai dele, que é Francisco. Fufuca acaba de fazer 28 anos, está no primeiro mandato. Ele vai ficar responsável por uma delicada pauta de votações.
As recomendações foram dadas em outra reunião no Planalto com Temer e Maia. O apelo é para que Fufuca siga o cronograma da reforma política, que depende de acordo, destaques da TLP e a medida provisória do Refis. O deputado diz que está seguro para tocar as votações.
Fonte: G1

Cobre sobe com dólar fraco após teste de míssil norte-coreano

Cobre sobe com dólar fraco após teste de míssil norte-coreano


Os futuros de cobre e de outros metais básicos operam em alta, à medida que o dólar se desvaloriza em meio a novas preocupações com a Coreia do Norte, que ontem realizou teste com um míssil balístico que sobrevoou o território do Japão antes de cair no mar. Por volta das 7h30 (de Brasília), o cobre para três meses negociado na London Metal Exchange (LME) subia 1,46%, a US$ 6.802,00 por tonelada, atingindo o maior nível desde setembro de 2014.
Na Comex, a divisão de metais da bolsa mercantil de Nova York (Nymex), o cobre para entrega em dezembro tinha alta de 0,57%, a US$ 3,1035 por libra-peso, às 8h02 (de Brasília). O índice DXY do dólar se enfraquece nesta manhã, uma vez que a tensão renovada com a Coreia do Norte favorece a demanda por moedas consideradas mais seguras, como o iene e o franco suíço.
Outro ativo beneficiado pela busca de segurança e pela fraqueza do dólar é o ouro. Também às 8h02 (de Brasília), o contrato do metal precioso com vencimento em dezembro avançava 0,81%, a US$ 1.326,00 por onça-troy. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, descreveu a ação da Coreia do Norte como uma inédita e grave ameaça, “que prejudica seriamente a paz e a segurança na região”, e pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.
Entre outros metais na LME, os ganhos era generalizados: o zinco avançava 1,61% às 7h30 (de Brasília), a US$ 3.118,00 por tonelada; enquanto o alumínio valorizava 0,75%, a US$ 2.087,00 por tonelada; o estanho aumentava 0,56%, a US$ 20.535,00 por tonelada; o níquel saltava 2,88%, a US$ 11.800,00 por tonelada; e o chumbo subia 2,30%, a US$ 2.379,00 por tonelada.
Fonte: Dow Jones Newswires

Para especialista, governo tenta minimizar reação contrária à mineração na Amazônia

Para especialista, governo tenta minimizar reação contrária à mineração na Amazônia a uma falha de comunicação


 Rodrigo Medeiros, vice-presidente da ONG Conservação Internacional Brasil, diz que o recuo do governo Temer na questão da Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca) é uma tentativa de minimizar o problema a uma mera falha de comunicação. Para ele, a discussão sobre qual a melhor forma de se aproveitar os recursos da região é o que deve estar em pauta.
Como você avalia a decisão do governo de editar um novo decreto para extinguir a Renca?
Esse recuo do governo é uma forma de lidar com a questão como se fosse um mero problema de comunicação. Mas não é uma questão de comunicação. O foco da discussão deve ser que tipo de aproveitamento econômico queremos dessa região. Não houve esse debate com a sociedade. Mas a intenção de abrir a atividade de mineração ao setor privado será restrita a 15% a 30% da Renca, segundo estimativas do setor mineral…
O problema também não se resume a uma questão de escala. O Amapá (no qual fica parte da Renca) é o estado que abriga a Floresta Amazômica com a maior parte do território protegido. Mais de 80% do estado são constituídos de unidades de conservação, ambientais ou indígenas. Foi uma escolha do estado.
Que tipo de ameaça a mineração pode representar às unidades de conservação?
O problema são quais as salvaguardas que vão acompanhar a atividade mineradora e se elas serão eficazes. Todo empreendimento econômico atrai outras atividades. É o vendedor da birosca, a prostituição, a migração de pessoas que pode afetar o entorno da floresta, fazer pressão sobre as unidades de conservação.
Que outras alternativas haveria para o desenvolvimento econômico da região? É um debate que temos que fazer. Como queremos aproveitar os recursos? É um por meio de um manejo florestal, explorando a madeira? É por meio da mineração? Que outras atividades podemos ter lá? Dá forma como foi editado o decreto, a sociedade não está fazendo uma escolha. O jogo já está definido.
Fonte: O Globo

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Brasil de volta ao clube dos grandes produtores de diamante

Brasil de volta ao clube dos grandes produtores de diamante

Descoberta na Bahia estimula corrida pelo mineral. País pode subir a 11º lugar no ranking


Diamante (Foto: Peter Macdiarmid/Getty Images)
Após a descoberta na cidade de Nordestina, no interior da Bahia, de uma reserva de diamante capaz de multiplicar a produção nacional da pedra preciosa numa escala superior a dez vezes, o país voltou a ficar na mira de investidores. Ao menos três empresas estão prospectando a pedra preciosa no país — na Bahia, em Goiás e em Minas Gerais — num movimento que deve colocar o Brasil de volta no mapa mundial dos diamantes. Um mercado seleto, com apenas 21 nações produtoras e que em 2015 movimentou US$ 13 bilhões.
O Brasil já liderou a produção global de diamante no século XVIII e, hoje, representa ínfimo 0,02% desse mercado, ocupando a 19ª posição do ranking, capitaneado pelos russos. Considerando o pico de produção na mina de Nordestina, em 2020, estimado em 400 mil quilates, o Brasil será alçado ao 11º lugar, mantida estável a produção dos demais países. Em 2015, foram produzidos 127,4 milhões de quilates de diamantes no mundo.
Paralelamente à chegada de novos investidores, está em fase final de revisão um levantamento do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), órgão do governo federal, com áreas potenciais para exploração de diamantes.
O projeto Diamante Brasil identificou 1.344 dos chamados corpos kimberlíticos e rochas associadas, reunidos em 23 campos. É nessas áreas de nome esquisito que se encontra o diamante primário, incrustado em rochas e cuja produtividade é bem maior que a do diamante secundário, geralmente encontrado nos rios.
É sobre esse mapa da mina que as empresas estão se debruçando atrás de novas jazidas. Uma atividade cara e de risco. Estima-se que apenas 1% dos corpos kimberlíticos tenha diamantes economicamente viáveis. No mundo, pouco mais de 20 jazidas de kimberlíticos estão em produção. Até ano passado, o Brasil estava fora dessa estatística. Produzia somente diamantes secundários, muito explorados por cooperativas de garimpeiros.
A descoberta de Nordestina mudou o cenário. Em meados de 2016, deu-se início a primeira produção comercial de diamante primário no Brasil. Liderada pela belga Lipari, a produção deve alcançar este ano 220 mil quilates — em 2015, último dado fechado, a produção nacional havia sido de 31 mil quilates.
Segundo o canadense Ken Johnson, presidente da empresa, as terras onde a Lipari prospecta diamantes foram adquiridas da sul-africana De Beers, em 2005. Desde então, foram investidos R$ 214 milhões. A produção será exportada.
"O trabalho na mina é de 24 horas por dia. Temos 270 funcionários e devemos chegar a 290 empregados no fim do ano. E isso é só o começo. Estamos olhando outras áreas em Rondônia e Minas Gerais", diz Johnson.
Descompasso entre oferta e demanda
O diamante é feito de carbono e é formado na base da crosta terrestre, a pelo menos 150 quilômetros de profundidade. Para que se forme, é necessário que esteja em ambiente estável, com elevadíssimas temperaturas e determinadas condições de pressão. Com a movimentação no interior da Terra, há liberação de energia. O magma, então, busca uma válvula de escape e aproveita falhas geológicas para chegar à superfície. O diamante “pega carona” no magma.
"Quando esse percurso é feito em poucas horas ou poucos dias, o que é bastante raro, o diamante é preservado. Caso contrário, desestabiliza-se e vira grafite", explica a geóloga Lys Cunha, uma das chefes do projeto Diamante Brasil.
Ao chegar à superfície, o magma se solidifica e forma as chamadas rochas kimberlíticas. O diamante primário fica incrustado nessas rochas. Com o passar do tempo, as rochas sofrem processo de erosão e o diamante acaba sendo carregado para outras áreas, alojando-se ao longo de rios. Nesse caso, passa a ser chamado de diamante secundário. Segundo empresários e especialistas, não há diferença de qualidade entre eles. O que muda são os meios de extração empregados e a sua produtividade.
"O diamante secundário tem uma produção errática, pois fica mais espalhado. Além disso, não se costuma cavar mais de 15 metros a 20 metros de profundidade para encontrá-lo. Já o diamante primário fica mais concentrado. No processo de extração, pode-se perfurar de 200 metros a 300 metros de profundidade, o que exige uma produção bastante mecanizada e investimento bem maior. O volume de produção também é muito superior", explicou Francisco Ribeiro, sócio da Gar Mineração. "Por isso, temos a oportunidade de voltar a ocupar posição de destaque no ranking global".
A empresa, de capital nacional, atua há 60 anos no Brasil e hoje produz cerca de 3.600 quilates a 4.800 quilates por ano de diamante secundário no Triângulo Mineiro. Agora se prepara para estrear na produção de primário. Segundo Ribeiro, a companhia está em fase de qualificação das reservas, também em Minas Gerais. E a estimativa para iniciar a produção é de um a dois anos.
A história do diamante no Brasil remonta ao século XVIII. Não se sabe ao certo quando houve a primeira descoberta, mas historiadores apontam o ano de 1729 como o que o então governador da capitania de Minas Gerais, Dom Lourenço de Almeida, oficializou a existência das minas à metrópole. Até então, as descobertas da pedra preciosa corriam à boca pequena e enriqueciam quem se aventurava na clandestinidade.
Com a Coroa ciente, a produção no então Arraial do Tijuco (atual Diamantina, Minas Gerais) ganhou novo impulso e o Brasil assumiu a liderança mundial do diamante, desbancando a Índia. Durante quase 150 anos, manteve a dianteira. Em 1867, a descoberta de um diamante nos arredores de Kimberley, na África do Sul, levou a uma corrida pela pedra preciosa no país. O Brasil, então, perdeu a hegemonia e está hoje na lanterna da produção global, à frente apenas de Costa do Marfim e Camarões.
Nos EUA, peça essencial do noivado
Desde 2010, a produção mundial está estacionada na faixa dos 130 milhões de quilates. Recente relatório da consultoria Bain&Company, porém, estima que a demanda vai crescer a um ritmo de 2% a 5% ao ano até 2030, embalada pelo consumo da classe média americana e chinesa. Cobiçado por casais apaixonados, o diamante brilha com frequência em joias que os maridos americanos dão a suas esposas. Pesquisa mostra que 71% dos americanos nascidos entre os anos 1980 e 2000 consideram o diamante um elemento essencial do anel de noivado.
A oferta de diamantes, no entanto, não deve acompanhar a retomada do consumo. A consultoria projeta queda de 1% a 2% por ano na produção da pedra até 2030, devido ao esgotamento das minas. É nesse desequilíbrio que está a oportunidade para o Brasil voltar ao clube.
"O Brasil, de alguma forma, foi ignorado pelos maiores produtores e a oportunidade de identificar e desenvolver novas minas é única. Em uma recente viagem a Antuérpia, houve empolgação quanto à qualidade dos diamantes brasileiros. O país tem chance de voltar a figurar entre os líderes da produção global de novo", diz Joe Burke, diretor de Marketing da Five Star Diamond.
A empresa foi fundada por um geólogo australiano, que se associou a investidores estrangeiros e a um advogado brasileiro. Juntos, compraram áreas em diferentes regiões no Brasil para prospectar diamante. Segundo Burke, em 15 dos cerca de cem corpos kimberlíticos que a companhia tem no portfólio há grande chance de ocorrência de diamante. A Five Star já levantou US$ 7 milhões com investidores e se prepara para listar a empresa no mercado de capitais canadense. A produção no Brasil deve começar em Goiás, onde o projeto está mais avançado, no fim do ano.
Burocracia e falta de segurança
A ausência de guerras civis e religiosas no Brasil é apontada por fontes do setor como um atrativo. A exploração da pedra preciosa sempre levantou polêmica porque costumava ser usada para financiar conflitos civis na África. Com o filme “Diamante de sangue”, estrelado por Leonardo DiCaprio em 2006, a crueldade das guerras e a associação à produção do diamante se tornaram mundialmente conhecidos.
O diamante produzido legalmente no Brasil e em outros países, no entanto, segue o processo de certificação Kimberley, espécie de atestado de origem criado justamente para inibir o comércio ilegal. A burocracia no país para emitir os certificados, no entanto, é uma trava na expansão do mercado, alertam empresários. Antes de ser exportado, o diamante precisa ser pesado, medido e analisado. Isso é feito por um funcionário do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM) em uma unidade regional do órgão.
Como o certificado precisa da assinatura do diretor-geral do DNPM e o sistema não é informatizado, ele é enviado por Sedex até Brasília, sede da instituição, e retorna ao produtor igualmente pelo correio. O processo leva de dez a 15 dias, segundo João da Gomeia Silva, da coordenação de ordenamento e extração mineral do DNPM.
Durante esse período, os diamantes ficam em cofres das próprias empresas produtoras ou de seguradoras, trazendo risco à segurança das companhias e dos funcionários. Mês passado, a Lipari foi invadida e teve parte de sua produção roubada. Se depender da agilidade do poder público, as mineradoras continuarão vulneráveis.
"O DNPM está na era digital. Até 2018, a ideia é eliminar o papel", diz Silva.

Fonte: EXAME